sábado, 24 de março de 2012

Chico Anysio e o Ceará




Gabriel Carvalho

Embora tivesse fixado residência no Rio de Janeiro desde a infância, Chico Anysio foi o maior propagador da cultura cearense em todos os tempos. Em seus programas de televisão exibidos das décadas de 70 a 2000, o povo da terrinha foi homenageado de diversas formas desde a ridicularização dos ricos à crítica ao sofrimento dos menos favorecidos.

Na pequena Chico Ctiy, cidade criada pelo mestre do humor para retratar a situação vivida em microcidades como a sua Maranguape, vários tipos foram interpretados, desde políticos como o Justo Veríssimo, cujo temperamento muito se assemelha ao de deputados nordestinos, ao Walfrido Canavieira, filho do Professor Raimundo, que faz o típico paternalista corrupto e demagogo das regiões mais carentes do Brasil.

Assim como no Ceará, Chico City também tinha o seu contador de histórias na pele do mentiroso Pantaleão e também o feioso que tinha habilidade com as mulheres, que era o Silva, sujeito feito, matuto, mas que dava nó em pingo d’água para conquistar as suas “presas”.

O canastrão Alberto Roberto, que era um tipo de ator e garoto-propaganda, era um das poucas exceções aos personagens do Nordeste e do Ceará, mas também foi muito querido pelos brasileiros.

Outra virtude de Chico Anysio ao jamais esquecer da sua terra natal é o fato de sempre ter aberto as portas da TV Globo para os artistas cearenses que ganham a vida contando piada em teatros, casas de espetáculos e churrascarias de Fortaleza e cidades do interior. A lista de criaturas criadas por ele – me perdoem aqui a redundância – é bastante extensa e vai desde o Tom Cavalcante, criatura mais conhecida, a outras figuras como o Zé Modesto, o Lailtinho, Rossicleia, dentre outros.

Chico nunca abandonou os sotaques do lugar onde nasceu. Embora fosse cidadão do mundo, ele sempre fez questão de levar o Ceará para milhões de telespectadores da Globo, ora chamando o personagem Seu Peru de baitola, ora escrevendo textos para o Aldemar Vigário (personagem de Lúcio Mauro na Escolinha do Professor Raimundo), em que retratava trechos de sua infância em Maranguape.

Chico Anysio soube, como poucos, fazer o Nordeste ser curtido em todo o Brasil sem apelar para a seca, a pobreza e as mazelas, mas apelando para um dos pontos mais fracos do ser humano: o humor.

4 comentários:

César Alves disse...

Parabéns Gabriel! Como se diz por aqui, você "matou a pau" com esse texto. Exprimiu tudo que o velho Chico representava para o Nordeste, especialmente para o cearense, de uma forma simples e objetiva. Viva o Ceará!

Unknown disse...

Valeu Cesarildo. Viva o nosso Ceará!

Anônimo disse...

Perfeito, Gabriel!!!
Parabéns!!!
Falou bom do Ceará....tem moral comigo.
Abração,
Luiz Castro

Anônimo disse...

CORRIGINDO O COMENTÁRIO ANTERIOR:

Falou BEM....