sábado, 16 de junho de 2012

Entrevista: Sandro Becker


Aos 57 anos e 40 de carreira, o cantor, compositor e apresentador de Rádio e TV, Sandro Becker ainda é sucesso entre os amantes do forró. Alagoano de nascimento, mas baiano, pernambucano, potiguar e cearense de coração, ele agora se divide entre a vida de empresário em Natal e a de descanso em Recife. Conhecido pelos sucessos de duplo sentido nos anos 80, ele critica algumas bandas atuais que apelam para palavrões e baixaria e também os empresários que incentivam essa prática. Em entrevista exclusiva ao Diário de um Fela da Gaita, Sandro disse ainda que muitas fãs ainda têm curiosidade para saber se o "veinho" ainda está de pé.

Sandro, você já tem mais de 30 anos de carreira, fale um pouco dessa história.

Comecei no rádio em 1972 como apresentador, na Rádio Palmares de Alagoas, onde eu fazia um personagem humorístico chamado "Coroné” Zé Lotero". Os ouvintes achavam que eram de duas pessoas(risos): Sandro Becker e “Cornoné” Zé Lotero. Portanto, já são 40 anos. Em 1979, lancei meu primeiro disco (LP) pela gravadora Tapaecar/Somlivre.

E o forró, como entrou em sua trajetória?

Comecei no rádio como apresentador de programa de forró, daí a minha a ligação e amizade com os grandes mestres do forró. Acabo de lançar o 33º disco, que também é DVD: Sandro Becker - 100 Anos de Gonzagão.

Entre tantos sucessos - e eu sou fã mesmo - qual você destaca como inesquecível e qual dos discos vendeu mais?
O que vendeu mais foi o meu 7º LP, que contém as musicas Julieta,Gatinho Angorá(Selma),Não fure Quinho,Não,Forró na Bica, Balança o saco e outras. Nesse disco estouraram seis músicas, isso foi em 1986.

O que tem uma mulher de fio dental na capa?

É esse. Vendeu 1 milhão de cópias, mas antes disso eu já tinha três discos de ouro (risos).

Onde mora esse alagoano que ainda hoje faz sucesso?

Em Recife e em Natal. Há cinco anos fui convidado para apresentar o programa "Forró Total" na Simtv (Rede TV) de natal e assumir a direção artística da emissora. Deu tão certo que com o sucesso do programa montei casa de show e restaurante lá em Natal (Casa do Matuto - www.casadomatuto-natalrn.com). Digamos que hoje moro em Natal e passeio em Recife (risos).

No início da carreira você teve muitas canções de duplo sentido que fizeram sucesso, hoje canta um forró mais comportado, vamos dizer assim. Isso foi uma exigência do mercado?

Não,amigo! Em todos os discos meus,sempre gravei meio a meio...

É verdade...

Os forrós tradicionais e os forrós de malícia...

Continua assim hoje?

Eu fazia e faço duplo sentido, mas infelizmente o mercado hoje aceita e quer "apelação musical" e essa eu não gosto,não faço e nem quero gravar. Faço picardia,malicia, mas com inteligencia...

Público lota show na Praça Castro Alves, em Salvador - Fotos: Rita Barreto/Setur

Aqui na Bahia você tem o carinho de muitos fãs. Como está a sua agenda para o São João?

Se não fosse a seca do Nordeste, estaria bem melhor. Caíram seis shows meus, mas seja feita a vontade de Deus. Pior são aqueles que nem água,tem prá beber. Mas tenho shows na Bahia, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte.

Mas o que você considera baixaria no forró?

Basta você ouvir Genival Lacerda, Clemilda e Sandro Becker, que é um forró engraçado, sem apelação, depois ouça o forró atual que as bandas têm feito...compare e veja quem é engraçado e quem é de mau gosto.
As minhas músicas as crianças cantavam e cantam sem entender a malicia, a exemplo da Julieta que não tem sequer um palavrão!!!

Isso Genival (Lacerda) me disse em uma entrevista ano passado

O Sandro Becker tem quantos anos ?

São 57 anos de idade. Eu penso como empresário e no palco sou um menino (risos)

Você ainda tem cara de garoto, as fãs ainda dão muito em cima?

Rapazzzzzz...(pausa seguida de risos). De vez em quando alguém  curioso(a),quer saber se o "veinho" tá de pé (risos).

Recentemente a Ivete Sangalo fez uma homenagem a você. O que você sentiu?

Muito gratificante...Ivete (Sangalo), Durval Lelys, Chiclete e outros nomes quando me avistam num evento,fazem a festa e me reverenciam. Isso é muito bom.

Nos anos 80, havia uma dificuldade com os estados do Sudeste, por conta do preconceito com a música do Nordeste. Isso mudou ou continua?

Rapaz...comigo,nunca teve isso. Faço rádio e TV em São Paulo, Rio e etc,como faço aqui no Nordeste, desde o chacrinha até hoje. Acabei de participar do "Torneio Musical" no Programa Silvio Santos durante seis semanas e saí na semi-final.

Você está casado, tem filhos?

Estou solteiro há cinco anos e tenho tres filhos: um de 33, uma de 27 e um de 13

Algum seguiu carreira artística?

Emanuelle,  aos nove anos gravou comigo cantando a música que leva o nome dela. Foi o sucesso de 1994.

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